Thursday

LIBAÇÃO A AFRODITE

(Ísis Zisels)

Onde o cisne dança?
No sal do Chipre,
Em onda mansa
O sol 
No sonho
Ao dorso
Lança
Sombra
Lúbrica
Lembrança 

Aonde a boca avança?
Nos damascos
Do enfeite,
No frasco
Do fresco leite,
Macadâmias
Ao deleite,
Mucosas
Do figo,
Azeite

Aonde a língua alcança?
O Banquete,
A Babilônia,
O desejo,
A Macedônia
Do amor
Ao adultério,
A morte amara
Do Império

Onde a Cípria trança?
Ardis
Dos dedos,
Vingança
Feitiço
Do beiço,
Fragrância

Onde um deus remansa?
Nos olhos do mar
Ao derramar da noite...
O beijo do vento
Ou os lábios do açoite?

Tuesday

DELOS

(Ísis Zisels)

Ao meio-dia 
A melopeia 
Do panteão: 
Mosaicos de mel 
No mar índigo 
Dedos dourados,
Desejo esfíngico 
Amor diânico 
Adentra o íntimo 

À meia-vista 
Um deus 
No lécito: 
Sol, 
Azeite 
E rosmarinho 
Porto de Apolo 
Sal do caminho 

A meia-volta 
Ruínas rugem:
O tempo órfico 
Do Metamórfico
Ouro opaco 
Ao vento 
Urge 
Jônico 
O templo

Monday

GUELRA URBANA

(Ísis Zisels)

Galopa urbes
Logos gago
Gânglio em guerra
Gole enterra
Lúgubres
Lagos

ESCÁRNIO

(Ísis Zisels)

O cerne do erro
Ruge no rosto
Rastro arranha
O roxo:
Carne exposta
Do afrouxo!

METEMPSICOSE

(Ísis Zisels)

Meu amor vem das Moiras,
Deusas crônicas;
Das fibras sintônicas,
Dos tecidos febris

Vapores de peles,
Anatólias hedônicas;
Órficas danças
E noites sutis 

Ventre de Ceres,
Elêusis em glória
Cibeles: do sonho
À memória

Luas partidas,
Templos do inferno:
Outono inventando
As bocas do inverno...

EROS SUBCUTÂNEO

(Ísis Zisels)

A busca das bordas
O ócio do laço
O viço das línguas
Os ossos bordados
Os deuses bramindo
As bocas borradas
As brumas dos beijos
A tez transbordada...